Empreendedores e produtores rurais norte-mineiros focam no mercado internacional
Méis e frutas. Essa deliciosa combinação tem ido muito além da mesa dos mineiros quando o assunto é a busca por novos mercados. Produtores rurais e empreendedores, que atuam na cadeia produtiva da apicultura e da fruticultura no Norte de Minas, estão, cada vez, colocando a qualidade e a tradição de seus produtos para o mercado internacional. E a receita vem com muita capacitação e troca de experiências, com o apoio do Programa AgroBR, um convênio entre a CNA e Apex-Brasil, apoiado pelo Sistema Faemg Senar.
Este é o caso da Associação Pontense dos Apicultores e Melinopicultores (APAM), cedida em São João da Ponte. Nos últimos anos, a entidade tem trabalhado de forma focada para aprimorar técnicas que vão desde o manejo dos apiários até a comercialização do produto final. “A associação vem agregando valor aos produtos. Produzimos mais de 40 toneladas de méis por ano, em sete municípios produtores, com destino aos mercados locais, feiras livres, escolas e cooperativas. Com o selo da Identidade Geográfica [do mel de aroeira], conquistado em 2020, passamos a expandir o mercado”, explica Pedro Aparecido, presidente do Sindicato Rural de São João da Ponte e um dos fundadores da APAM.
Ao todo, são 100 sócios apicultores vinculados à associação, sendo a grande maioria produtores que já foram contemplados também pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), e que agora recebem também consultoria do AgroBR para efetivar exportações. “A expectativa é de agregar ainda mais valor ao produto. Por isso, seguimos buscando capacitação, para aumentar o processamento nas casas de méis, em busca de melhorar a quantidade e a qualidade para atender a demanda do mercado, especialmente do mel de aroeira”, pontua o apicultor Afonso Rodrigues.
Preparando o terreno
São várias frentes de trabalho envolvidas nessa ligação entre o Norte de Minas e o mercado internacional, em um esforço de aproximação e prospecção através da consultoria do AgroBR. O objetivo é colocar, cada vez mais, os produtos regionais no foco dos consumidores fora do Brasil, através, por exemplo, da participação em feiras, rodadas de negócios e com a produção exposta em marketplaces internacionais, por meio do e-commerce, que irão validar e preparar para grandes vendas
O empreendedor Luciano Meira tem atuado em todas essas frentes. Após validar seus produtos, doces com base em 100% de frutas (sem aditivos), com foco em geleias, no mercado nacional, ele tem se preparado, passo a passo, para fixar sua marca, a Casa do Doce Fruit Cooky, de Montes Claros, nos principais compradores internacionais. “Estamos abrindo agora a loja on-line, após a consultoria da CNA, no E-bay dos Estados Unidos, onde também iremos, nos próximos três meses, atuar pela rede da Amazon. Essas ações de expor nosso produto lá fora, com o apoio que tivemos do AgroBR, deu entusiasmo”, explica.
O início de todo o projeto começou muito antes, em 2015, quando o empreendedor buscava uma forma de aproveitar o que seria perda produtiva de frutas perecíveis. Ele visitou cooperativas, formou parcerias e montou a estratégia de negócio, já pensando no mercado internacional. “Participando dessas rodadas de negócio e treinamentos do AgroBR, vimos ainda mais o potencial que temos na região para as frutas. Hoje trabalhamos com seis sabores, sendo dois tipicamente do cerrado, o tamarindo e o umbu, com grande aceitação, porque são produtos que não existem no mercado internacional”, pontua Luciano Meira.
Atualmente a comercialização gira cerca de duas toneladas de geleias por mês no mercado nacional. A base dos produtos, que constituem um mix de sabores, como banana, goiaba e abacaxi, vem de cooperativas de fruticultores de Nova Porteirinha, Jaíba, Janaúba, Januária e São Francisco. “Nossa meta é chegar a cinco toneladas de doce ao mês. Por isso, seguimos prospectando o mercado e participando de várias rodadas de negociação. Estudando o mercado, vemos que os outros países não têm as frutas que temos. Como norte-mineiro fico orgulhoso de pegar essa potencialidade local, transformar em produto de qualidade e participar do mercado internacional”, finaliza Luciano Meira.
Também com base na fruticultura, Ivanete Pereira dos Santos tem encontrado boas oportunidades na exportação da qualidade produtiva regional. Diretora executiva da Agro+ Frutas, de Jaíba, a aposta tem sido na fabricação de polpas de frutas assépticas, agregando valor em frutas que perderam valor comercial. “Em 2022 foi iniciado trabalho de parceria com indústrias para agregar valor às frutas perecíveis, especialmente banana, com o objetivo de fabricar polpa com destino ao mercado exterior, especialmente aos Estados Unidos e a Europa”, explica.
Atualmente o foco maior ainda é o mercado nacional, para frutas in natura. Já são cerca de 64 mil toneladas de frutas, de 2019 até a presente data, no mix de produtos que envolve banana, mamão e manga. Porém, os investimentos não param para conseguir atender novas demandas e mercados.
“A busca e acesso a novos mercados tem sido através do AgroBR, com participação nas feiras e capacitação a todo momento. Seguimos investindo em infraestrutura e parcerias para o processamento das frutas, sistema de gestão e vinculando nossa oferta com a produção própria e dos pequenos produtores”, finaliza Ivanete Pereira. (Ascom Faemg Senar – R.G.)