O pálido olho azul: Uma história brilhante sobre assassinato e vingança,

 O pálido olho azul: Uma história brilhante sobre assassinato e vingança,

O Pálido Olho Azul começou o ano com muito mistério na locadora vermelha, Netflix. Inspirada no livro de mesmo nome, de Louis Bayard, a trama traz Christian Bale como o investigador Augustus Landor, solucionando crimes macabros com ninguém menos que o escritor e poeta da vida real Edgar Allan Poe (Harry Melling).

Autor de clássicos da literatura trevosa como O Corvo e O Gato Preto, Poe é de fato a figura perfeita para protagonizar, ele mesmo, uma trama de suspense. Mas entre investigações, corpos mutilados e muitas reviravoltas, o que é real e o que é ficção no longa?

Situado em 1830, O Pálido Olho Azul apresenta Poe aos 21 anos de idade, como um jovem cadete da Academia Militar dos EUA, a West Point. O escritor é convocado por Landor (Bale) para solucionar o assassinato de um colega militar, em um crime aparentemente ligado a rituais de ocultismo. Embora, ao menos até onde se sabe, o Edgar Allan Poe real não teve 15 minutos de detetive, o autor de A Queda da Casa de Usher de fato trilhou uma breve carreira militar, e certas situações dramatizadas no longa construíram a identidade que popularizou as obras do autor por quase dois séculos.

Recruta Edgar Allan Poe, sentido!
Nascido em 1809, Poe precisou se virar a duras penas antes de embarcar na carreira literária. O poeta se alistou no Exército em busca de uma graninha fácil, e acabou indo para West Point como cadete, no mesmo 1830 em que O Pálido Olho Azul se desenrola.

Embora demonstrasse aptidão nos conhecimentos teóricos e atividades extracurriculares da Academia (como o estudo do francês), Poe detestava seguir a dura rotina da vida militar. A passagem do escritor tem até uma página própria no site do exército norte-americano. Em correspondências com seu pai adotivo, John Allan, Poe relatou:

Como retratado no filme, o poeta não se enquadrava às obrigações trazidas pelo ofício. Poe chegou até a orquestrar a própria dispensa do serviço militar em 1831, ao regularmente faltar a missas, aulas e ignorar deveres.

O principal ponto de divergência é o tratamento dos colegas de Academia para com Poe, e vice-versa. Se em O Pálido Olho Azul, o escritor é o azarão incompreendido e motivo de chacota para os colegas, na vida real, os poemas de Poe zombando dos militares mais poderosos de West Point eram sucesso entre os outros cadetes. Os colegas fizeram até uma boa e velha vaquinha para auxiliar Poe a publicar a coletânea Poems, lançada logo após a dispensa da Academia.

Mesmo com narrativa quase inteiramente fictícia, O Pálido Olho Azul faz o interessante exercício de inserir a figura histórica de Poe em situações estapafúrdias, que poderiam facilmente ter saído da própria mente do autor. A brincadeira tem precedentes mesmo no cinema, em obras como Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros (2012) e Orgulho e Preconceito e Zumbis (2015), voltados para a ação e comédia.

O longa triunfa em jogar luz sobre um período pouco abordado da obra do autor, criando uma dinâmica interessante que pode até despertar o interesse dos espectadores na fascinante e macabra obra do autor.

 

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