Polícial e esposa dão golpe da casa própria
Um policial militar, P. R. C. S., lotado em Montes Claros, e a esposa, K. P. N. M. estão sendo indiciados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) por crime de estelionato envolvendo uma empresa do ramo de construção, a Baru Arquitetura e Construções, e falsidade ideológica. A iniciativa é da 4ª Delegacia Distrital, em Montes Claros, no norte do estado.
Segundo a delegada Franciele Drummond, que é uma das vítimas – no total são oito -, todas as vítimas são da área de segurança pública. Além dela, os demais são policiais militares. O inquérito é presidido pelo delegado Diego Pereira.
“P. R. se aproveitava do fato de ser um policial militar e acabou explorando seus colegas de farda. Diziam ser donos de uma construtora e que a mulher, a dele, era arquiteta, o que é mentira. Além deles, há também um engenheiro, que em nome da empresa emitiu laudos falsos”, explica a delegada Francielle.
Segundo uma das vítimas, A. P. P., ela e o marido compraram um lote e sonhavam com a construção da casa própria. “Meu marido comentou, no quartel, sobre nossos planos. Aí, a notícia chegou aos ouvidos desse homem, que o procurou e ofereceu os serviços. Ele nos levou a casas que estavam sendo construídas, dizendo que eram da empresa dele. Mas era tudo mentira.”
A partir daí, a construção foi iniciada e, com o laudo do engenheiro, o financiamento liberado, mas por partes, de acordo com o andamento da obra. No entanto, com o golpe descoberto, as vítimas estão com uma dívida com a Caixa Econômica Federal (CEF).
A delegada Franciele explica que no seu caso, ela foi apresentada ao falso construtor, o policial militar, e depois de saber que vários militares seriam seus clientes, acertou a construção de uma casa.
“O engenheiro emitiu um laudo de que a obra estava com 94% do total concluída, quando na verdade, seriam apenas 47%. Além disso, as vítimas, como eu, repassavam dinheiro para a compra, por exemplo, de porcelanato. Eu entreguei R$ 19 mil pra eles. Só que esse dinheiro não foi empregado e junto à CEF, tenho uma dívida de R$ 200 mil, de um total de R$ 400 mil”, conta Francielle.
A delegada descobriu que o casal falso construtor já tinha abandonado três obras. “O que podemos fazer agora, é acionar a Caixa, pois ela não acompanhou as obras, como reza no contrato de empréstimo. Sobre o casal, já levantamos seus bens e disponibilidades e não encontramos dinheiro em lugar algum. Ou seja, devem ter repassado tudo para terceiros, que seriam os laranjas, nossos próximos alvos”, afirma ela.
Segundo levantamento, a primeira vítima a contratar a empresa da dupla celebrou contrato em 2020, e ainda, não recebeu seu imóvel. Ao todo, as investigações apontam que o prejuízo estimado, até o momento, é de R$ 600 mil.
Em razão das provas arrecadadas, os proprietários da empresa, bem como o engenheiro da falsa construtora foram indiciados pelos crimes de estelionato e associação criminosa. A Polícia Militar já instaurou um processo administrativo contra P. R. C. S..
(Jornal Estado de Minas – Por Luiz Ribeiro e Ivan Drummond)