Situação trabalhista na Coteminas em xeque
A Câmara de Montes Claros promoveu na noite dessa quarta-feira (9), audiência pública para discutir a situação dos trabalhadores da Coteminas. A iniciativa foi do vereador Daniel Dias (PCdoB) que destacou a crise financeira noticiada pela empresa fundada, no município, em 1967, e que emprega centenas de funcionários.
O vereador Daniel pontuou a importância da Coteminas para o desenvolvimento econômico de Montes Claros, gerando emprego e renda. O parlamentar ainda mostrou preocupação caso houver o fechamento da empresa, onde o município enfrentará um problema social com o grande número de desempregados no mercado de trabalho.
“Lutamos para que esses funcionários tenham garantia dos postos de trabalho. E que, no caso de demissões, a Coteminas pague os direitos trabalhistas – temos relatos da falta do acerto financeiro, o não pagamento do FGTS e que empresa não estaria repassando para o INSS a contribuição do trabalhador”, enfatizou o vereador Daniel.
O ex-trabalhador da Coteminas, Talisson Cordeiro Gomes, relatou que ao questionar a empresa sobre a situação de trabalho, foi perseguido e demitido. Segundo ele, o fato aconteceu em março deste ano e até hoje nenhum acerto foi feito. “Quando procuramos a empresa para negociar sobre as demissões e fazer acordos coletivos, fomos coagidos e acabaram mandando embora o grupo que reivindicava”, disse.
De acordo com o advogado trabalhista, Isac Santos Pereira, a empresa violou todos os direitos constituídos na lei, como atrasos de salário, o não repasse ao INSS e a falta do pagamento das rescisões. “Ainda temos relatos que os funcionários são revistados antes de conversar com a chefia para evitar uma possível gravação da conversa”, pontuou o advogado.
A coordenadora do Ministério Público do Trabalho (MPT) acompanhou a reunião, não se aprofundando sobre a questão. Entretanto, afirmou que há uma ação aberta em relação às denúncias apresentadas acima e que é necessário que o sindicato, representante desses funcionários, se manifeste e busque pelas garantias de direito. “Qualquer dispensa trabalhista feita por alegação econômica deve ser feita por negociações”, concluiu.
A Coteminas não mandou representante para responder os questionamentos.
O diretor-presidente da empresa, Josué Gomes enviou uma carta, na qual explica que, de fato, a empresa passa por uma crise financeira devido ao alto patamar dos juros que inviabilizam a produção. O executivo alegou que é necessário a ação de políticas econômicas que estabeleçam taxas compatíveis com as atividades produtivas. “Sempre cumprimos com zelo as nossas obrigações empresariais, trabalhistas, sociais e comunitárias e buscamos regularizar a atual situação, e, para isso estamos vendendo ativos do grupo, que darão o suporte necessário para a devida normalidade da nossa atividade”, declarou.
O evento foi finalizado com o encaminhamento à Assembleia Legislativa de Minas Gerais em que solicita providências sobre o assunto e a realização de uma nova audiência em Montes Claros com os representantes da comissão de finanças do Estado. (Ascom/CMMC – Christine Antonini)