AVATAR: O CAMINHO DA ÁGUA
Avatar foi um marco enorme quando foi lançado em 2009, por causa de seus efeitos visuais revolucionários e tecnologia inovadora em 3D na época, que mudou a maneira como os filmes eram feitos e levou multidões aos cinemas mundiais – fazendo com que, atualmente, ele tenha a maior bilheteria de todos os tempos. Desde então, o diretor James Cameron tem trabalhado em uma ambiciosa sequência, intitulada Avatar: O Caminho da Água (2022), que finalmente se tornou uma realidade treze anos após a estreia do primeiro filme. Mas será que valeu a pena todos esses anos de espera pela produção?
Qual é a história de Avatar: O Caminho da Água?
Avatar: O Caminho da Água é ambientado mais de uma década após a primeira batalha em Pandora entre os nativos Na’vi e os humanos. Na história da sequência, Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana) formaram uma família e vivem pacificamente na tribo da floresta, Omaticaya, fazendo de tudo para ficarem juntos. No entanto, eles precisam sair de casa e explorar outras regiões quando uma antiga e perigosa ameaça ressurge, forçando Jake a travar uma guerra difícil contra os humanos novamente.
Novas fronteiras de Pandora são exploradas na sequência de Avatar
Essa demora para o lançamento da sequência de Avatar acontece especialmente pela busca do diretor James Cameron em superar o que ele havia realizado com sucesso no primeiro filme, aprimorando a tecnologia aplicada na produção – ainda mais considerando a necessidade de levar a trama para as profundezas do mar. Com tudo isso, as expectativas eram altíssimas para O Caminho da Água, que no final das contas apresenta um espetáculo visual deslumbrante e impressionante para o público nas telonas.
Responsável pelo clássico Titanic (1997), Cameron tem em seu currículo duas das sequências mais aclamadas do cinema, que são Aliens, O Resgate (1986), continuação de Alien, o Oitavo Passageiro (1979) dirigido por Ridley Scott; e O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final (1991), continuação de O Exterminador do Futuro (1984) que foi dirigido por ele mesmo. Por isso, fica evidente a experiência do cineasta em trabalhar com seguimentos de histórias e franquias, caso de Avatar: O Caminho da Água.
A princípio, o enredo da sequência não é tão inovador, mantendo em sua base o conflito entre os humanos colonizadores e os Na’vi que era a estrutura narrativa do primeiro filme. Porém, o maior acerto do roteiro está na exploração de outras regiões de Pandora, quando Jake Sully, Neytiri e sua família precisam deixar a tribo Omaticaya nas florestas e se mudar para os recifes de Pandora, passando a conviver com o clã Metkayina, liderado por Tonowari (Cliff Curtis) e Ronal (Kate Winslet), para escapar da ameaça representada pelos humanos da corporação RDA, comandados pelo Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang). Desta forma, o público entra em contato com novos ecossistemas presentes nesse rico universo.
Se no filme de 2009 conhecemos Pandora a partir da exploração dos militares e, mais profundamente, pelo contato que Jake passa a ter com os Na’vi pela sua relação com Neytiri, que ensina para ele seus costumes, neste novo filme acompanhamos a forte relação familiar dos Sully e o senso de comunidade que eles constroem aos poucos com os Metkayina, promovendo uma história de amor em meio à guerra. Em O Caminho da Água, Jake Sully quer, acima de tudo, proteger seus filhos, enquanto a RDA deseja se vingar de seu ex-soldado, com a necessidade de destruir tudo aquilo que ele construiu ao longo desses anos. Ou seja, as temáticas imperialistas de exploração militar e de ecologia permanecem, assim como o fortalecimento das relações familiares, fazendo o público se importar com cada um desses personagens.
Avatar: O Caminho da Água é um espetáculo visual impressionante e imersivo em Pandora
Avatar: O Caminho da Água consegue apresentar um espetáculo visual ainda mais impressionante que o primeiro filme, com os novos aprimoramentos técnicos feitos pela produção de efeitos especiais e uma imersão em 3D que impacta o público ao embarcar pelas fronteiras deslumbrantes de Pandora.
Levando em conta que a maior parte desta sequência é ambientada em regiões oceânicas do planeta, foi necessário um avanço tecnológico para as filmagens. Isso contou, por exemplo, com uma colaboração e dedicação enorme dos atores, que precisaram gravar cenas debaixo d’água para aumentar o realismo na captura de movimento, além de realizar nada menos que treinamentos em técnicas de mergulho e respiração. Obviamente, todo esse cuidado com o trabalho é refletido nas telas, com uma riqueza de detalhes na criação de mundo, criaturas, cenários e até mesmo no aperfeiçoamento do visual dos personagens.
Falando neles, o roteiro escrito em colaboração por James Cameron, Rick Jaffa e Amanda Silver explora bastante o vínculo familiar entre Jake Sully, Neytiri com seus quatro filhos, Neteyam (Jamie Flatters), Lo’ak (Britain Dalton), Tuktirey (Trinity Jo-Li Bliss) e Kiri (Sigourney Weaver), que são novas aquisições interessantes para a franquia, mas que não recebem um desenvolvimento mais profundo na história. Tonowari e Ronal servem como um contraponto e choque cultural interessante para os protagonistas, mostrando a diversidade e riqueza de biomas que existem em Pandora, com a introdução dos Metkayina.
O Caminho da Água tem uma longa duração, mais precisamente de 3 horas e 12 minutos, o que pode espantar muitas pessoas, mas a narrativa nunca se torna cansativa ao longo da produção. Cameron começa desenvolvendo a trama e seus personagens lentamente, quase que reintroduzindo o público ao universo de Avatar, mas o filme está repleto de cenas de ação e aventura que prendem os espectadores – especialmente todo o ato final que contam com algumas das cenas de ação mais impressonantes do ano e, somado a isso, temos uma catarse emocional considerando a conexão que criamos com os personagens.
No final das contas, Avatar: O Caminho da Água é um espetáculo visual impressionante e imersivo que merece ser assistido nos cinemas. Mesmo que não inove em relação às ameaças militares que estavam presentes no primeiro filme, se destaca por levar o público nessa exploração de novas fronteiras, aos deslubrantes recifes de Pandora. Mais do que isso, a sequência trata sobre temáticas revelantes como a guerra imperialista e a união familiar de comunidades, lutando para sobreviver contra essas opressões.